quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

FICHAMENTO 1




VALENTE, José Armando; ALMEIDA, Fernando José de Almeida. Visão analítica da informática na educação no Brasil: a questão da formação do professor. Revista Brasileira de Informática na Educação n.1, setembro de 1997. p. 45-60.

A obra é de 1997, e tem como objetivos expressos a discursão da importância da informática como ferramenta pedagógica. Baseada na analise do cenário de outros países (Estados Unidos e França), a descrição do próprio cenário brasileiro e as conclusões tiradas pelos autores a partir do estudo dessas realidades e de suas próprias experiências práticas.
Logo na introdução nos deparamos com a critica a dificuldade da inserção do computador a realidade educacional do nosso pais que já tem mais de 30 anos(na época 20 anos) na historia da educação. Mas que tem explícitos problemas de desenvolvimento , colocando que “A posição que defendemos é que, além da falta de verbas existiram outros fatores responsáveis pela escassa penetração da Informática na Educação. A preparação inadequada de professores é um desses fatores” (Valente & Almeida; 1997).
Diferente de outros países, a ideia ou idealização brasileira sempre foi de utilizar a informática como ferramenta pedagógica para a aprendizagem, e não de preparadora para o mercado de trabalho ou de defensora de interesses políticos, apesar de ser bastante espelhada e influenciada por eles. Mesmo aparentemente positivos seus objetivos sempre se depararam com caminhos complexos e de difícil realização. “Embora o contexto mundial de uso do computador na educação sempre foi uma referência para as decisões que foram tomadas aqui no Brasil, a nossa caminhada é muito particular e difere daquilo que se faz em outros países. Apesar das nossas inúmeras diferenças, os avanços pedagógicos conseguidos através da informática são quase os mesmos que em outros países. Nesse sentido estamos no mesmo barco” (Valente & Almeida; 1997).
E mesmo nos países mais desenvolvidos no que se diz respeito à tecnologia computacional sempre existiu dificuldades para a inserção da mesma no ambiente escolar, sendo essa integração sempre ‘adiada’ para um futuro próximo. “Não se encontram práticas realmente transformadoras e suficientemente enraizadas para que se possa dizer que houve transformação efetiva do processo educacional como por exemplo, uma transformação que enfatiza a criação de ambientes de aprendizagem, nos quais o aluno constrói o seu conhecimento, ao invés de o professor transmitir informação ao aluno” (Valente & Almeida; 1997).


No tópicoInformática na educação nos Estados Unidos da América, vimos um Estados Unidos independente das decisões governamentais no que se refere ao uso dos computadores no ambiente escolar, mas bastante influenciado pela competição existente entre empresas de softwares, mas a pouca sintonia com as necessidades educacionais, “ As mudanças de ordem tecnológica são fantásticas e palpáveis mas não têm correspondência com as mudanças pedagógicas” (Valente & Almeida; 1997).
Nos anos 70, inicio da informática na educação dos Estados Unidos, os recursos tecnológicos para a educação básica não se diferenciavam muito dos que dispúnhamos no Brasil (quase nenhum). Já nas universidades, o contato com a tecnologia e o aprimoramento dela existia, e o instrumento utilizado era o Computer-AidedInstruction (CAI), que foram fundamentais para fomentar a discussão de questões mais profundas de ordem pedagógica. “Nunca ficou resolvido se a informática na educação deveria continuar na direção do uso dos CAIs implementados em sistemas de grande porte ou se deveria ser enfatizado o desenvolvimento de sistemas computacionais que facilitassem uma reforma total do processo educacional. Entretanto, as dificuldades técnicas provenientes do fato de os computadores serem de grande porte foi eliminada com o aparecimento dos microcomputadores no início dos anos 80 (Valente & Almeida; 1997).
Logo depois surgiram os microcomputadores, em especial os Apples, que facilitaram a locomoção e facilitaram a aprendizagem como tutoriais, programas de demonstração, exercício-e-prática, avaliação do aprendizado, jogos educacionais e simulação integrados aos novos CAIs.
Com o desenvolvimento da tecnologia LOGO, integrada a computadores de médio e grande porte, utilizadas e localizadas em universidades e visitadas por alunos da educação básica, ficou clara a necessidade da formação do professor como mediador entre o aluno e a tecnologia.
“Hoje existe a preocupação com a interação homem-máquina, com a realização de atividades mediadas pelo computador ao invés de o computador ser a supermáquina que assume o controle do processo de ensino. Por outro lado, a formação de professores voltada para o uso pedagógico do computador nos Estados Unidos não aconteceu de maneira sistemática e centralizada como, por exemplo, aconteceu na França.” (Valente & Almeida; 1997). Alguns críticos dessa abordagem pedagógica argumentam que a exploração da rede, em alguns casos, deixa os alunos sem referência, com sensação de estarem perdidos ao invés de serem auxiliados no processo de organizar e digerir a informação disponível.
O que fica é enfatizado é que as universidades dos Estados Unidos ainda são renomadas formadoras de professores especializados em informática voltada a praticas pedagogicas, mas ainda são poucas as escolas que conseguem explorar as potencialidades do computador como ferramenta da educação.
É notável a grande influencia da França sobre as demais nações. As diversas dificuldades econômicas e relacionais vividas pelo país e a superação delas o fizeram um exemplo de administração e pensamento de vanguarda em relação a vários quesitos. No que se trata de informática não foi diferente, utilizou da mesma como auxiliadora no processo de formação trazendo soluções e inovações para o mundo, apesar de  inicialmente seu interesse não ser de cunho pedagógico, ela cresceu bastante  nesse sentido.
Quase não existem escolas particulares na França, e diferente do Brasil a escola publica não é só de interesse do estado, mas sim de todas as entidades da sociedade.
O software inicialmente usado no inicio dos anos 60 voltados à educaçãose caracterizaram como EAO (EnseignementAssisté par Ordinateur), o que equivale ao CAI desenvolvido nos anos 60 nos Estados Unidos, inspirados no ensino programado com base na teoria comportamentalista e no condicionamento instrumental (estímulo-resposta). Ele contribui bastante para o estimulo do aluno sobre uma nova percepção, sendo o mesmo o centro das atenções. No inicio dos anos 80 a linguagem Logo surgia na França se opondo a EAO.
InformatiquepourTous (1985), o terceiro plano nacional, tinha como objetivo maior incorporação das escolas a tecnologia, mas é importante ressaltar que o domínio da mesma não tinha interesse pedagógico e sim de faze-lo conhecer a ferramenta. A partir da década de 90 com o aumento da quantidade, qualidade e necessidade do computador, ele passou a ser incorporado de forma mais natural, em especial nas escolas secundarias, sendo disponibilizado para o auxilio dos alunos em suas tarefas.
A França teve expressa preocupação principalmente na preparação de seus professores e investiu em uma pequena parcela deles, vários cursos foram criados e os alunos também se beneficiaram disso. Ouve também dedicação em propiciar uma melhor utilização da informática para os interesses pedagógicos, mas os autores enfatizam que o que foi feito até aquele momento está longe de ser o ideal.
No inicio da década de 70, o Brasil tinha suas primeiras experiências com o uso do computador na educação, e como em outros países elas se deram em universidades, as primeiras foram UFRJ e a UFGS, com estudo de química e fisica. A partir daí vários softwares foram criados e outros aperfeiçoados ou personalizados de acordo com as necessidades, como por exemplo o SISCAI, utilizado para avaliação de alunos de pós-graduação em Educação.
A partir disso documentos foram criados com a preocupação de propiciar obrigatoriamente sistemas computacionais aos demais níveis de ensino, mas é nesse ponto que o Brasil se diferencia dos demais: “No caso da Informática na Educação as decisões e as propostas nunca foram totalmente centralizadas no MEC. Eram fruto de discussões e propostas feitas pela comunidade de técnicos e pesquisadores da área. A função do MEC era a de acompanhar, viabilizar e implementar essas decisões. Portanto, a primeira grande diferença do programa brasileiro em relação aos outros países, como França e Estados Unidos, é a questão da descentralização das políticas...” (Valente & Almeida; 1997).
A pesquisa também foi prioridade para o modela brasileiro, diferentemente dos outros apresentados. Assim criada a EDUCOM que tinha como objetivo um projeto onde as universidades em parceria com uma equipe de especialistas seriam o suporte do professor que devidamente formado estaria desenvolvendo os projetos com seus alunos.
Mas o que fica claro é a tentativa brasileira, em parte fracassada, de provocar mudança. Para se ter um modelo inovador da utilização da informática na educação era necessário uma grande mudança, que ainda não aconteceu por conta de nossos conceitos ‘enraizados’. A efetivação da informática como ferramenta pedagógica sendo muitas vezes meio de aprendizagem implica da quebra do professor como único transmissor de conhecimento, a quebra da escola como templo do conhecimento, e do aluno como receptáculo do conhecimento passando a ser questionador do que lhe é apresentado e criador de seus próprios conceitos.
Já na escola particular a discussão é ainda mais complexa, porque ela passa a se igualar aos moldes norte americanos. É na escola publica que a mudança começa a acontecer, mas por essas questões até a época da finalização do artigo muita coisa não havia mudado.
O artigo é bastante enriquecedor não só para nós futuros pedagogos, mas também é para todos aqueles interessados no país e seu desenvolvimento de forma geral, assim como muitos outros tratados dentro do curso. E é exatamente nesse ponto que falhamos, nós repartimos e subdividimos as informações e conhecimentos, é certo que ser humano algum é capaz de saber tudo, mas existem assunto que deveriam ser realmente de ‘interesse publico’, e a educação é um deles. Mas como fazer interessado alguém que só tem tempo de lutar para sua sobrevivência, para dar o básico a sua família(mais uma vez a educação entra em questão).
Os autores bateram exatamente num grande ponto fraco da educação: seu sistema engessado e envelhecido, e pior a quase impossível mudança. Mas, se levarmos em consideração que a obra foi escrita a pouco mais de uma década vemos visíveis mudanças, hoje o computador é imensamente mais acessível e familiar para os estudantes e o resto da população, em relação ao seu uso na escola as coisas também mudaram.
Apesar de todas as minhas criticas concordarem em partes com as criticas de ....e ...., é necessário sim tomar posição e concordar ou discordar das coisas, mas se estamos nessa é preciso sermos os agentes das mudanças que desejamos não só para a modificação da ferramenta tecnologia na escola, mas para a melhoria da ferramenta educação no nosso país.



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